Em março de 2020, após mais um dia em sua rotina normal de trabalho, ele voltou para casa, porém não se sentia bem. Em meio ao avanço dos casos de COVID-19 no país, Paulo precisava continuar seu trabalho.
Ele é médico do setor de emergência em um hospital de São Bernardo do Campo. No dia 27 de março Paulo foi internado com diagnóstico de COVID-19. Ele narra para nós aqui sua história.
No segundo dia de internação, fui enviado para a UTI devido á complicações em meu quadro respiratório. Quando entrei na unidade, já percebi nos olhos dos profissionais de saúde uma expectativa de desesperança em relação a minha situação. Fiquei isolado em um quarto sem janelas e com duas portas de vidro fechadas, sem contato com o mundo externo ou com qualquer pessoa. Sentia intensas dores de cabeça, tosse, falta de ar e a única coisa que me ligava ao mundo externo era meu telefone celular.
Quando as dores aliviavam, eu conversava com minha esposa, o que me trazia muito conforto. Ela me contava sobre as orações que meus irmãos da igreja, amigos e parentes faziam por minha melhora. Minha esposa sofre de bronquite asmática e meu maior medo naquele momento era que ela também contraísse o vírus e eventualmente perdesse a vida. Eu estava em pânico só de imaginar que isso poderia acontecer, então orei muito pedindo a Deus para protegê-la.
Ali na UTI, me lembrei do encontro do Alpha sobre por que e como orar. Aprendi muito naquele encontro sobre a importância de falar com Deus e de comunicar a Ele nossas angústias e sofrimentos, e sobre a importância de esperar nEle. Eu sentia o conforto de Deus naqueles momentos, mas pedia a Ele um sinal de que ele me ouvia. O quadro da doença ia piorando, porém em nenhum momento perdi minha fé.
“Quando as dores aliviavam, eu conversava com minha esposa, o que me trazia muito conforto.”
No dia seguinte, uma profissional de limpeza, coberta dos pés a cabeça a fim de proteger-se da contaminação entrou em meu quarto. Ela me tratou com muito carinho e atenção e na saída me disse lindas palavras de conforto. Tanto em saber sobre as orações dos meus amigos da igreja e do carinho da minha esposa, até nas simples palavras daquela moça da limpeza, percebi que, mesmo naquela situação difícil Deus enviava seus anjos para me confortar. Tudo que eu poderia fazer era orar e esperar em Deus.